terça-feira, 18 de abril de 2017

Se eu morrer de manhã
Abre a janela devagar
E olha com rigor o dia que não tenho
Não me lamentes. Eu não me entristeço:
Ter tido a noite é mais do que mereço...
Se nem conheço a noite de que venho.
Deixa entrar pela casa um pouco de ar
E um pedaço de céu
O único que sei.
Talvez um pássaro me estenda a asa
Que não saber voar
Foi sempre a minha lei.
Não busques o meu hálito no espelho.
Não chames o meu nome que não tenho
E do mistério nada te direi.
Diz que não estou se alguém bater à porta.
Deixa que eu faça o meu papel de morta
Pois não estar é da morte quanto sei.

Rosa Lobato de Faria

5 comentários:

chica disse...

Que linda essa poesia! Obrigadão pelo cainho por lá no blog! Adorei! bjs, chica

Beatriz Bragança disse...

Querida Irene
Uma página inicial com uma imagem soberba!
Um poema muitíssimo bem escolhido!
Confesso que não o conhecia.Obrigada pela partilha.
Um beijinho
Beatriz

Cidália Ferreira disse...

Lindo demais!
Grande Poetisa! Grande Senhora!!

beijinhos

Pedro Coimbra disse...

Tenho tantas saudades desta Senhora!
Tão à-vontade a fazer-nos rir com o seu ar de "condensa" como a ler-nos poesia com uma emoção na voz que só ela conseguia.
Um abraço

Élys disse...

Uma poesia plena de mistério.
Um abraço.
Élys.